Transporte público e dor de cabeça andam juntos por aqui

Julie Melo Braga ///

Quem precisa utilizar o transporte público em Aracaju passa por apertos. E, dessa vez, não estou falando das péssimas condições dos ônibus e de sua superlotação. O problema agora é a burocracia por que se deve passar para a regularização dos cartões de passagem eletrônica. Em 2011, é preciso não só o recadastradamento, mas também o cadastramento biométrico.

Não sei quanto aos outros tipos de cartão, mas só com o recadastramento é possível continuar usando o escolar. Como se não bastasse ter que enfrentar grandes filas, longos períodos de espera e calor, é necessária a entrega de documentos que só servem para encher caixas, como vi no dia em que fui no Setransp. Preencher apenas um formulário para atualização de dados já seria o bastante. Estudantes do 1° e 2° grau precisam disso todo início de ano. Já os do ensino superior devem enfrentar a enorme fila e organizar a papelada também no início do segundo semestre. Para a solicitação da primeira via do cartão, até entendo que sejam necessários os documentos exigidos. Mas para quê servem mais xerox dos mesmos?

Além disso, esse ano, foi criado o cadastramento biométrico, ou seja, digital. Mais um procedimento para aumentar o tempo de atendimento. Este só pode ser feito no Setransp, e não nos pontos de recarga. Isso significa local lotado em qualquer horário, já que a maioria das pessoas deixa para a última hora. Para quem é estudante da Universidade Federal de Sergipe, o prazo foi estendido até o fim de abril. E pode ter certeza que as filas continuarão gigantescas até o último minuto. Isso tudo para quê? Para daqui a uns três ou quatro meses, todo esse processo recomeçar, para alunos de graduação.

Outra coisa que não se pode esquecer é o atendimento. Acredito que, para este período do ano, funcionários tenham sido contratados temporariamente para atender a demanda. Só que esqueceram-se de lhes passar as informações. E as que passaram, estavam erradas. Ou eu que tive azar? Acho que não. Final das contas: filas quilométricas, papeis que vão para o lixo, demora, atendimento falho, cansaço, estresse,... Tanta burocracia para poder utilizar o transporte coletivo. Como se pode ver, em Aracaju, o problema não é só com o mau estado do transporte e com a alta tarifa cobrada, mas também com o simples fato de poder andar de ônibus. Transporte público e dor de cabeça andam juntos por aqui.