MANIPULAÇÃO DENTRO E FORA DA TELINHA

domingo, 19 de dezembro de 2010

Julie Melo Braga///
Falar sobre a Rede Globo é difícil. Porém, se for para criticá-la, não. Não é necessário ser especialista em televisão para isso. Acusá-la de monopolizar a comunicação, “lavagem cerebral”, manipulação de notícias etc. está na lista de críticas feitas por qualquer telespectador. Mas quantos dos que a assistem deixam de assisti-la? Se a Globo é tão ruim assim, de onde vem sua enorme audiência?
A TV Globo é uma das maiores emissoras do mundo, perdendo apenas para três emissoras americanas. No entanto, nenhuma delas é mais ou tão poderosa quanto a Globo. Além do Cidadão Kane, de Simon Hartog, é um documentário que relata uma espécie de histórico da emissora e compara o poder de Roberto Marinho, fundador e dono, ao do personagem de Cidadão Kane, filme norte-americano. Embora a Globo não tenha concedido a veiculação de suas imagens – obviamente –, o documentário se difundiu, fazendo-se conhecer os “podres” da emissora. No entanto, não foi suficiente para derrubá-la. O poder “global” já havia tomado conta de todo o Brasil.
A TV influencia a sociedade, mas também é influenciada por ela. As novelas globais, por exemplo, não traziam temas gratuitamente, mas temas ligados ao momento social em que se vivia. Hoje, isso mudou um pouco. Mesmo assim, seus temas e qualquer outro tipo de programa “entram” na casa dos brasileiros e em suas mentes, exercendo grande poder sobre suas vidas. Outro motivo para tamanha aceitação da emissora é que os jornais da época de sua inauguração eram caros, além de parte da população ser analfabeta. Mas a televisão conseguiu atingir quase 100% da população. Por isso, todo anunciante quer anunciar na Globo. Sua audiência vale o preço a ser pago. Entretanto, para grande parte da população o consumo é apenas das imagens, pois são poucos os que podem comprar os produtos anunciados.
O documentário britânico mostra ainda o Brasil que nunca ou quase nunca aparece na televisão. De acordo com ele, a pobreza, a fome, a má distribuição de renda etc. estão fora do noticiário da Globo. Os jornais globais não registravam realmente a história daquele período. Muitas notícias eram editadas ou até mesmo nem chegavam a ir ao ar. Entre as costumeiras edições feitas pela TV, está a edição do debate eleitoral entre Fernando Collor e Lula. Conforme o documentário, a Globo não só manipulou o debate, como também o criou para que pudesse deturpá-lo. Na edição, ficou clara a vantagem dada a Collor, ao ser distorcido o discurso de Lula. Collor era casado com a filha do sócio de Roberto Marinho.
Na época do golpe de 1964, a TV Excelsior foi a única a se opor ao regime militar. Teve, portanto, sua concessão retirada. A TV Globo, ao contrário, era conivente com a ditadura, exaltando-a e omitindo os fatos. Os músicos censurados não entravam na programação. Inúmeros jornalistas foram torturados e mortos, mas notícias como esta não tinham espaço na Globo, segundo o documentário em questão. Como desculpa a seus telespectadores, afirmava está sendo censurada e, por isso, não podia exibir nada que se opusesse ao regime vigente. Quando a ditadura chegou ao fim, Roberto Marinho, com sua emissora, apoiou a democracia.
Ao assistir ao documentário de Simon Hartog, pode-se concluir que a Globo está onde há Governo. Quem não está mais no poder deixa de interessá-la. E o Governo também precisa dela, afinal que político não precisa da audiência global? Uma concessão de TV era dada pelo presidente da República. E como era de se esperar, o presidente dava concessões a amigos e a quem lhe interessasse politicamente. Não é de se estranhar que muitos políticos sejam donos de canais de TV. O favorecimento político ocorre em todas as áreas.
A Rede Globo percorreu um longo caminho até chegar aonde chegou. Para isso, nem sempre jogou limpo, como relata o documentário Além do Cidadão Kane.  Influenciando milhões de pessoas diariamente – a manipulação não é só dentro, mas também fora da telinha –, a maior emissora do país reafirma sua hegemonia e ignora as críticas e acusações, certa de que jamais perderá sua posição. É chato admitir, mas nada indica mesmo que outra emissora de TV vá alcançá-la e até ultrapassá-la. Mesmo assim, mude de canal ou vá ler um livro.

2 comentários:

Maluh Bastos disse...

Eu concordo. A Globo teve percalços e traços negros na sua história. Mas, novamente, que instituição não tem uns podres passados para revelar??
Ótimo blog, Julie =D

Júnior & Julie disse...

Obrigada, Maluh. Volte sempre!

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