Educação, saúde, segurança: a conta sai cara e quem paga é você

terça-feira, 18 de junho de 2013


Por Julie Melo Braga

“O Gigante acordou” e “Vem pra rua” são as hashtags que tomaram as mídias sociais nos últimos dias. A manifestação que deu início a, eu espero, uma nova era no Brasil aconteceu em São Paulo, no dia 06/06, contra o aumento de vinte centavos na passagem do transporte público. A partir daí, como num movimento de “olla”, uma série de manifestações começou a ocorrer em vários cantos do país. Protestos contra o aumento da passagem em suas cidades também, contra as péssimas condições do transporte coletivo; protestos contra a corrupção, contra a falta de investimentos na educação, na saúde e na segurança pública; protestos contra os gastos bilionários para a realização da Copa do Mundo da FIFA, dada a situação do Brasil; protestos em solidariedade àquele primeiro.
O momento de luta não podia ser melhor: Copa das Confederações e véspera de Copa do Mundo da FIFA. Infelizmente, isso já está acontecendo e não será modificado. No entanto, não é por causa disso que iremos nos conformar (mais uma vez) e achar que não podemos mudar a situação do país. Eu gosto de futebol, sem fanatismo, mas gosto. O que eu não gosto, ou melhor, o que eu odeio é o fato do Brasil ser reconhecido apenas por isso, o fato de só se dar importância a isso.
Aracaju, onde o aumento da passagem de ônibus também foi de vinte centavos, vai, na próxima quinta-feira, 20, não só se solidarizar às manifestações como também vai dar seu grito de basta. Não! R$2,45 é muito! Não vale o transporte sucateado, que demora para chegar, que não atende a demanda... E podemos dizer não a muitas outras coisas também, como por exemplo à reforma do Estádio Lourival Batista, o Batistão, orçada em mais de 16 milhões, para treinos de outras seleções, enquanto tantos setores da sociedade estão jogados às baratas. É por isso que eu resolvi ressuscitar esse meu blog. Estou indignada, inconformada! E mais do que isso, resolvi sair da minha zona de conforto e participar do 1º Ato Acorda, Aracaju, Acorda, Brasil. Estou cansada de assistir aos telejornais e ver tanta injustiça e absurdo. Estou cansada de sentir que não há nada que eu possa fazer. Eu posso, você pode, todos nós podemos. Ninguém é apenas mais um ou menos um.
Nunca participei de um protesto, nadinha, de nenhum cunho. Oportunidade, tive, sim. Durante os quatro anos de faculdade, o que não faltou foi chance de lutar por direitos, por justiça. Mas não fui. Em parte, por achar que não faria diferença, em parte por não me identificar com a causa, em parte por comodismo mesmo. É difícil ir às ruas para gritar, desafiar, cobrar. Mas é vergonhoso cruzar os braços diante do roubo descarado do dinheiro público. Portanto, vou dar minha cara e minha voz a essa luta que também é minha, é de todos, até daqueles que acham não ter nada a ver com o assunto. Veja bem: você pode até não andar de ônibus, mas, se já foi assaltado ou conhece quem tenha sido, essa luta é sua também. Você pode até não precisar do SUS, mas, se você reclama do trânsito na cidade, essa luta é sua também. Você pode até estudar ou ter estudado em escola particular – eu estudei –, mas, se você paga impostos, essa luta é sua também.
Chega! Chega de conivência, de fechar de olhos. A roubalheira dos políticos e dos que têm poder nesse país atinge a todos. Não vamos deixar que o que tem levado milhares de pessoas às ruas seja apenas uma fase, uma modinha, uma efemeridade. Embora sejam apenas a ponta do iceberg, os vinte centavos em São Paulo já seriam suficientes para gerar a manifestação. Afinal, são vinte centavos a mais por dia, mais de uma vez por dia – porque quem vai volta. A conta do fim do mês e do fim do ano deve ser feita antes que digam por aí que vinte centavos não são nada e que estão brigando por “vinténs”. Eu gostaria de perguntar qual a origem de tanto ódio, a nada comparado, dos “nossos” políticos. Por que nos roubam tanto? Por que nada fazem em prol da população? Por que, se somos tão obedientes, tão bonzinhos, tão bestas... Talvez, Arnaldo Jabor, a quem tanto dei minha admiração e meu respeito, pudesse responder a essas dúvidas. Olhe, não foram somente vinte centavos que acordaram o gigante. Causas para lutar não nos faltam!


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