Superexposição do corpo e banalização do sexo são as novas tendências da música pop norte-americana

Julie Melo Braga///

A música pop internacional – especialmente, a norte-americana – sempre fez muito sucesso, inclusive no Brasil. É porque podemos dizer que, aqui, não há um ritmo equivalente ao de cantoras como Madonna, Britney Spears e Beyoncè. O sucesso destas e de outras cantoras como elas se deve à sua música, performance, beleza etc? Sim, talvez, por que não? Mas o que dizer de suas letras? E, principalmente, de seus clipes? De uns tempos pra cá, suas músicas e clipes, digamos, não têm valorizado a mulher.

Christina Aguilera no clipe Dirty

Pode ser apenas uma fase, mas, com certeza, é também uma tendência. Depois da fama que Lady Gaga alcançou com sua quase nudez e com suas costumeiras extravagâncias, há muita gente querendo mostrar a Lady Gaga que existe dentro de si. A veterana Christina Aguilera, com a letra e o clipe da música Dirty, começou a sacanagem, como o próprio nome da música já diz. Beyoncè e Rihanna até têm algumas músicas que fogem a essa nova regra, como Hallo e Umbrella, respectivamente.

Beyoncè sendo "filmada", no clipe Videophone

Mas muitas de suas músicas falam de sexo ou de sexualidade de uma maneira pejorativa. Em Videophone, Beyoncè diz que "os malandros gostam do seu jeito de andar, então podem filmá-la na câmera do celular". Já Rihanna, na música Rude Boy, insiste para o tal garoto rude pegá-la. Quase sempre, as palavras usadas não são tão explícitas, mas todos entendem o que querem dizer. E se não for possível entender o significado da letra, assistir ao clipe já é o suficiente.

Cena do clipe 3, de Britiney Spears

Até Miley Cyrus, que até hoje é reconhecida por sua personagem Hanna Montana, fala que "troca de homem como o dinheiro que voa", em seu novo sucesso Can't Be Tamed. Será que ela não tem pai nem mãe? Ela diz querer se livrar da imagem de criança que ganhou com a personagem infanto-juvenil, mas, para isso, não é preciso dizer que pega vários homens e que por nenhum pode ser domada. Talvez pelo mesmo motivo, a cantora mexicana Anahí – ex Rebelde – esteja cantando músicas como Mi Delirio e exibindo tanto seu corpo. Britney Spears, que passou algum tempo longe dos holofotes, voltou com 3, onde sugere um sexo grupal. Algo bem mais descarado do que aquilo que suas colegas de profissão costumam cantar.

Lady Gaga simula ato sexual num show

Não importa qual o assunto de que trata a música. O clipe será sempre o mesmo. Elas, as cantoras já citadas, expõem excessivamente seu corpo, rebolam até o chão, dançam de forma provocante, fazendo caras, bocas e gemidos. E fazem tudo isso seminuas, claro. Lady Gaga é mestre no assunto. No entanto, em seu mais novo clipe, Alejandro, ela não aparece todo o tempo quase sem roupa. Assim como neste e em vários outros clipes, a nova sensação norte-americana simula cenas de sexo com seus dançarinos até mesmo em suas apresentações ao vivo, e até já ganhou uma discípula, Christina Aguilera, que faz o mesmo em seu novo clipe, Not Myself Tonight. Porém, essas cantoras pop não são as únicas. Há outras não referidas aqui e ainda virão mais.

O motivo delas para isso? Ganhar fama e dinheiro. Sim, porque, infelizmente, é disso que a nova geração de adolescentes, principalmente as meninas, gosta. E essa superexposição do corpo e banalização do sexo são mais razões para alienar o público jovem. Não sou feminista, careta nem "santinha do pau oco", só não concordo com a maneira de que se utilizam essas artistas pop para vender suas músicas. Indiretamente, elas estão vendendo seus corpos e, nitidamente, desvalorizando a si mesmas. Não é preciso ser nenhum dos adjetivos supracitados para perceber isso.

*Fonte das imagens: Google